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Como foi o primeiro dia da Copa Sur

Atualizado: 15 de dez. de 2022

Durante esse final de semana está acontecendo a Copa Sur, em Vitória-ES, que irá classificar os representantes da América do Sul para o Crossfit Games. Aproveitamos que alguns dos nossos atletas foram para o Espírito Santo acompanhar esse megaevento de perto para trazer para vocês o relato deles de como foi essa experiência a cada dia. Aproveitem essa análise completa e detalhada feita pelo Ale Ushizima, o Japa, que está em Vitória passando o dia dos namorados com a Fran Ushizima, sua esposa, acompanhando a semifinal do Crossfit Games.


Foto: Reprodução COPA SUR
Day 0

Nosso primeiro contato ao chegar em Vitória foi com o serviço de transporte (Uber). O motorista foi extremamente prestativo, simpático e nos contou um fato curioso. Durante a nossa viagem, ele nos falou sobre os pontos positivos e negativos sobre a cidade. Quais eram as regiões "perigosas" e onde eram os pontos de "agito" dos jovens. Fato curioso. Os motoristas costumam evitar viagens do aeroporto de Vitória até Vila Velha por conta da distância e dos picos de trânsito em determinados horários na ponte que liga Vitória e Vila Velha. Então se for vir para a região, talvez tenha que optar entre aguardar inúmeros minutos para um Uber aceitar a corrida ou optar por um táxi.


Ao chegar no hotel, fomos bem recepcionados e adiantaram o nosso check-in. A maioria dos hotéis se recusa, mesmo havendo quartos vagos.


Resolvemos dar uma passada no shopping para dar um "confere" no local do campeonato. Chegando no local do evento já deu para sentir um pouco da adrenalina que estava nos aguardando.


Apesar de termos chego no local um dia antes, a estrutura já estava completamente montada, lojas, stands, área de aquecimento, etc, mas o público ainda não tinha acesso à várias áreas. Diversos atletas estavam no local em um clima bem descontraído. Conseguimos “tietar” alguns e trocar uma ideia bem rápida.


Depois fomos conhecer o shopping e fazer uma refeição. O Shopping Vitória tem um layout um pouco diferente do que estamos acostumados em Curitiba. A disposição do shopping é um pouco confusa. Parece um layout em caracol. A praça de alimentação tem poucos restaurantes, mas possui franquias que estamos acostumados à ver. Quase não encontramos opções saudáveis, além dos restaurantes por quilo. O preço dos pratos executivos e por quilo são praticamente iguais aos de Curitiba. O cansaço bateu e fomos para o hotel dormir, já que estávamos mais de 36h sem dormir.


Day 01

Logo no café da manhã encontramos o pessoal da Mayhem, BSB Strong e alguns outros atletas. Sentimos um pouco da vibe do que estava por vir.


Chegando no local do evento , tivemos que passar pelo auto credenciamento, que embora houvesse fila, foi rápido. Algumas pessoas estavam tendo problemas com a emissão do passaporte adesivo ao digitar o CPF no sistema.


Nos atrasamos um pouco e chegamos na metade da primeira bateria dos times. No local da arena há três arquibancadas cobertas para o público. Mesmo diante do atraso, tinham lugares e rapidamente nos acomodamos em um local com boa visibilidade. Mesmo nas baterias principais, havia local suficiente na arquibancada para a torcida assistir as provas.


Nossa primeira impressão sobre a arena é que quilo era impressionante. Rig fornecido pela Fortify era imponente. Os demais equipamentos (exceto os ergs), também fornecidos pela Fortify, nem vamos comentar. A qualidade é excelente.


Talvez seja clubismo, mas o pessoal adepto ao CrossFit® tem uma energia muito inclusiva, facilmente é possível conversar com um total estranho do seu lado como se seu amigo fosse. Toda a torcida fazia festa para argentinos, venezuelanos, colombianos, paraguaios, brasileiros como se fossem um time só.


Acabamos não acompanhando os horários exatos das baterias, pois estávamos assistindo os eventos, mas aparentemente não houve atrasos consideráveis, mas a bateria masculina do segundo evento atrasou 25 minutos, o quê, para um evento de tamanha magnitude, é bastante. Como público, não sentimos, mas para os atletas deve ter surtido um efeito negativo. Nunca saberemos.


Geralmente nos campeonatos as mulheres sofrem com a altura do Rig. Por muitas vezes, vide TCB, as atletas necessitam de auxílio externo para alcançar a barra. Em alguns casos, a organização do evento não fornece caixa ou outro material para que elas subam na barra sozinhas, mas “fornecem” uma ajuda humana, geralmente homens o que na nossa opinião, é totalmente invasivo um estranho pegar na cintura da atleta e ficar com o rosto à centímetros de partes íntimas do corpo dela. O que pode acabar gerando um certo desconforto para as atletas. Na Copa Sur foram disponibilizados colchões e caixas, podendo os atletas optarem por qual material utilizar.


Como em todo campeonato, sempre rola aquele problema com os judges. Nos movimentos de deadlift, nos pareceu que não era permitido utilizar o grip para proteger a mão, já que isso tira um pouco a sobrecarga do antebraço, principalmente utilizando uma fatbar com 310kg. Porém, alguns judges de algumas baterias permitiram o uso, outros não. A avaliação pareceu menos rigorosa na primeira bateria. Já na segunda uma das head judges estava fiscalizando de perto essa utilização do grip e, próximo do segundo set de deadlift, mandou alguns atletas removerem o acessório. A mesma situação ocorreu na terceira e quarta bateria.


Como o deadlift sempre é um movimento duvidoso, dessa vez não poderia ser diferente. A extensão realmente é algo complicado. Não havia critério de avaliação da extensão total do corpo. Muitos atletas eram obrigados a estender o corpo totalmente, com os ombros atrás da linha da barra (como é o movimento padrão, conforme apostila do CF-L1). Já outros faziam o jeito fácil, sem extensão total. Dessa vez o bounce utilizando o cotovelo foi abolido, mas alguns atletas utilizaram o bounce da gravidade, relaxando o corpo na descida e tensionando novamente na subida. Nossa opinião é que o trabalho dos judges não é punir o atleta supervisionado, mas sim ser justo com os demais, visto que o padrão de movimento deve ser seguido da maneira correta por todos.


Na terceira masculina, o judge que supervisionava o Malheiros, vulgo “O Brabo”, parece que se emocionou e no momento em que o Gui estava com 30 cal na bike, levantou a mão como se faltassem somente 5 calorias. A galera foi ao delírio e alguns atletas da bateria dispersaram e olharam para o lado, pois nitidamente era estranho, já que eles conhecem o ritmo possível de se empregar no uso do ergômetro. Contudo, o judge se confundiu com o evento feminino onde eram somente 35 calorias. O Gui poderia muito bem ter se beneficiado do erro e ido ao próximo movimento, mas, pelo contrário, ele falou para o judge que ainda faltavam 20 calorias.


Sabemos que erros crassos são amplamente comuns em campeonatos locais, mas em um evento da magnitude da Copa Sur, licenciado pela CrossFit® e com direito à vaga no CrossFit Games®, não era algo esperado e que devesse seguir o padrão que estamos acostumados e pode ser que isso tenha gerado algum tipo de ansiedade para os demais atletas.


O segundo evento foi realizado na área externa da Copa Sur. O local era muito bonito, a paisagem que tínhamos era a ponte que liga Vitória à Vila Velha.


Em uma das baterias femininas ocorreu um fato um pouco desagradável. Um familiar de uma das atletas correu pequena parte do trajeto ao lado dela, onde, próximo à linha da chegada, um dos heads de organização foi extremamente agressivo com ele. Acabou empurrando o familiar da atleta com uma força excessiva e dando um “esporro” desnecessário no meio do público. Fora isso, as demais baterias prosseguiram sem maiores imprevistos. A guarda municipal auxiliou na contenção do trânsito para a passagem dos atletas ao cruzar a via.


A apresentação do campeonato estava a encargo da Naty Graciano e Du Nicolau, ambos já conhecidos na comunidade. Divertidos, carismáticos, sabiam sintonizar o público com o andar dos eventos. Os atletas concentrados nas provas, dificilmente escutam o que está rolando na arena, mas as músicas foram bem selecionadas e mantinham o público animado.


As entrevistas ficaram sob responsabilidade do Fábio Brocco. Ele estava preparado e mandou muito bem em português, espanhol e inglês.


Não temos certeza sobre o primeiro evento, mas a transmissão apresentou problemas técnicos no segundo. Não sabíamos qual era a colocação dos individuais/times na corrida e muito menos na natação. Somente ficávamos sabendo quando havia troca de movimento ou no término de prova.


O local do evento sempre estava limpo. Havia diversos funcionários para a coleta dos pontos de lixo e limpeza do ambiente. O banheiro dos atletas era químico, já o do público era um Container com água corrente. Novamente, para um evento do tamanho da Copa Sur, acreditamos que deveria ser fornecido algo melhor para os participantes.


Na Copa Sur houve brindes para o público geral. Havia desafios com premiação, clínicas de movimentos, brindes de patrocinadores, entre outros. Um ponto curioso que aconteceu conosco foi que o rapaz da Reign perguntou se queríamos conhecer e degustar um dos sabores de energético. Pensamos que ele iria nos dar um copinho de café com um meio gole do energético, mas para nossa grata surpresa, ele nos deu duas latas de sabores distintos para degustação. E, nesse calor, foi muito bom.


Os valores dos produtos vendidos dentro do evento eram totalmente apropriados e acessíveis, nada fora do comum. Alguns stands de roupas, como BSCross e Prwd by Coffee, forneciam bons descontos em alguns itens. Acabamos não olhando os outros por conta do dia corrido, mas todos os stands eram de ótimas marcas. A comida fornecida no local também tinha preço justo.

De modo geral, o primeiro dia mostrou que parece ser um evento excelente para o público aproveitar. Não temos nada a reclamar da organização da Copa Sur. O evento está muito bem localizado, possui amplas comodidades para o público em geral e atrações todas as idades. A cidade é muito agradável, limpa e bonita.


Observação extra. Até ontem não tínhamos noção que iria ocorrer um outro campeonato licenciado pela CrossFit® de forma simultânea no mesmo local. Ficamos sabendo somente no primeiro dia de evento ao conversar com algumas pessoas. Nos parece que a existência do Extreme Rock Brasil foi levemente “apagada” pela da Copa Sur.


O primeiro dia de Extreme Rock Brasil realmente ocorreu de forma simultânea à Copa Sur. O primeiro evento foram movimentos intercalados com natação ou paddle board. Evento este que ocorria enquanto os atletas da Copa Sur utilizam a arena. Já o segundo evento, enquanto os atletas da Copa Sur estavam na corrida e natação, as baterias foram realizadas na arena.


No segundo e terceiro dia, as provas do Extreme Rock Brasil (ERB) irão ocorrer somente após a finalização dos eventos da Copa Sur. A previsão é que os eventos do ERB se encerrem após às 22h. Um tanto quanto tarde, principalmente no domingo.


O evento possui categorias Quarteto iniciante e intermediário, teen individual, RX individual, master dupla e, um diferencial, amador individual. Já que é muito raro que os campeonatos criem esse tipo de categoria.


Nenhuma novidade é a existência daqueles scaleds com 120kg de clean, citados pelo próprio Axel Gouveia. Em todo campeonato sempre vai existir aquele sujeito que desce categoria somente para ter um troféu na estante ou pelo menos ter a sensação de falsamente se destacar em um evento.


Entretanto, além da organização do ERB ter elaborado provas criativas e com desempenho desafiador, a experiência única fica pela sensação de dividir a mesma arena com os melhores atletas da América do Sul e 7º Homem mais bem condicionado do mundo. Aqui fica a nossa inveja.


Nos parece que a organização do ERB é bem similar à da Copa Sur, vez que ambos são licenciados pela CrossFit®. Não podemos afirmar, mas visualmente parece que foram organizados pelo mesmo time. Existe um mesmo padrão de comportamento dos judges, staffs, narradores e equipe técnica.


Campeonato bem interessante para ser colocado na lista de desejos dos amantes de CrossFit®, cross training, MMT ou qualquer outra classificação para dada para essa modalidade que tanto vivemos, sofremos, amamos e que possui como característica principal a inclusão.


VISÃO DE FORA

Para quem tentou acompanhar a Copa Sur de outros lugares, sabe que foi uma experiência muito ruim. Apesar do visível esforço da equipe de comunicação para fazer a transmissão funcionar, não teve jeito. Como o Ale que estava lá falou algumas vezes, tivemos a mesma impressão que ele, aqui de fora, para um evento dessa magnitude não dava para falhar em coisas básicas. A transmissão que, enquanto funcionava, estava muito ruim com áudio robótico e imagem estourada, tempos depois foi interrompida e dava para ouvir os câmeras falando que foi porque acabaram as baterias das câmeras, um erro inaceitável para esse tipo de evento.


Todos ficaram sem entender por qual motivo a CrossFit® não fez a transmissão do evento no padrão das outras semifinais, o descaso ficou muito evidente e nos entristece muito. A transmissão, ainda que ruim, chegou a alcançar mais de 10 mil pessoas assistindo ao vivo, o que mostra que há um interesse do público no evento.


É isso, esperamos que tenham gostado, amanhã postamos sobre o segundo dia que promete grandes emoções. Tomara que de fora a gente consiga acompanhar!


Um obrigado especial ao Japa e à Fran que tiraram um tempo lá em vitória para trazer essa super análise do evento pra gente!


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