Que tal pagar para se sujar no barro, atravessar lagos e riachos, pular obstáculos, rastejar na lama debaixo de arames farpados e terminar a corrida com alguns arranhões? Esse é o Desafio Braves, tradicional corrida na lama (mud race) na região de Curitiba, que participei na semana passada, dia 03/12. Após um hiato de cerca de 3 anos por causa da pandemia, o evento estava muito bem organizado e lotado (mais de 2800 atletas registrados), com muitos participantes veteranos e novatos ansiosos para cair na lama.
Além dos obstáculos, outros perrengues podem acontecer, como o tênis desmanchando no meio do trajeto (nesse caso, assumo o erro de ter levado um calçado que estava parado há anos)
Essas corridas acontecem ao redor do mundo e atraem um público que gosta de se desafiar, praticar esportes e fazer atividades ao ar livre (ou mesmo quem está apenas começando um novo estilo de vida mais ativo). No meu primeiro mud race, há mais de 5 anos, eu não treinava CrossFit e não era uma pessoa muito atlética. Ainda assim, foi super divertido e o mais importante: me motivou a melhorar meu condicionamento físico. Algum tempo depois, fiz minha primeira aula experimental de CrossFit e o resto é história.
Apesar de ser uma atividade bem diferente, era fácil perceber que muitos crossfiteiros estavam lá (seja pelas camisetas de diferentes boxes, ouvindo as conversas alheias ou até mesmo observando a técnica dos atletas na hora de subir corda). Obviamente, nem todos que percorriam os obstáculos com maior facilidade eram praticantes do CrossFit. Mas fica evidente que as habilidades que desenvolvemos diariamente ajudavam na maior parte do tempo: resistência cardiovascular, a subida de corda já mencionada, os diversos “muros” que temos que atravessar (hora que lembramos do nosso querido bar muscle up) ou mesmo a superação mental ao enfrentar certos obstáculos (como na hora de saltar em queda livre por 6 metros e cair em uma piscina enlameada).
O Desafio Braves tem 3 categorias: o Forfun de 6km, o Elite e o Super Elite, ambos com 8km. A principal diferença é que o Elite e Super Elite são uma competição, com tempo cronometrado e a obrigatoriedade de passar todos os obstáculos (ou pagamento de burpees caso não consiga cumprir algum). O Super Elite ainda inclui o uso de colete (20 lbs para homens e 14 lbs para mulheres). Para quem quer apenas se divertir ou pegar leve, o Forfun é ideal, pois você também pode desviar os obstáculos que não esteja à vontade de percorrer.
Vou destacar alguns obstáculos que mais gostei ou mais me desafiaram:
1. O circuito em si - é bem diverso, cobrindo morros, descidas, ladeiras, lagos, riachos.
2. O monkey bar - trajeto que você passa por dezenas de barras (parecido com aquele brinquedo de parquinhos infantis). Nesse caso era um trajeto consideravelmente longo e em formato de pirâmide (sendo bem alto no meio). Embaixo, uma piscina de água e lama. Quem tem os movimentos ginásticos em dia, consegue passar pelo trajeto (ou boa parte dele). Caso contrário, vale a tentativa e o banho de lama.
Monkey Bar
3. A plataforma de 6 metros já mencionada - a vontade é desistir ao chegar no topo. Não sei qual parte foi a pior: olhar para baixo ao chegar no topo, o pulo em si, a queda ou a aterrissagem na água. Para quem tem medo de altura, é um desafio que assusta, mas pode significar uma baita conquista caso concluída.
4. Paredões/subidas com cordas e pneus - são obstáculos que necessitam de boa técnica, força de superiores e muita concentração, pois ficam bastante escorregadios. Já pensou fazer um rope climb com uma corda toda molhada?
Mas por que eu digo que todo crossfiteiro deveria participar de um mud race alguma vez? Bom, primeiro porque acho que, no mínimo, vão se divertir muito. Como comentei, é uma atividade diferente, mas com muitos objetivos em comum. Segundo, porque é uma forma de usar as habilidades que treinamos em um desafio diferente - e perceber, na prática, como o CrossFit realmente nos prepara para situações distintas e desafiadoras. Por fim, todos que já participaram de pelo menos uma competição entendem como é legal a adrenalina, a superação e o espírito de comunidade. O mud race é uma forma de levar tudo isso para um outro ambiente e experiência.
Apesar do valor ser alto, vale cada centavo. Pra mim as partes mais pesadas do trajeto foram a subida da pedreira e a subida do morro com a sandbag de 35kg (meio Luiz kkkk)...
Queria muito participar, mas os valores não me convenceram!